CBD e Doença de Parkinson: O que diz a ciência

O que é a doença de Parkinson

A relação entre o CBD e a Doença de Parkinson tem despertado crescente interesse científico devido ao seu potencial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e atuar em mecanismos associados à neuroproteção.

A Doença de Parkinson é um distúrbio neurológico degenerativo e progressivo que surge devido à diminuição dos neurónios dopaminérgicos numa região do cérebro chamada substância negra, responsável pela produção de dopamina — o neurotransmissor que regula o movimento, o humor e a sensação de prazer (Kalia & Lang, 2015).

Quando a dopamina diminui, surgem sintomas motores como tremores, rigidez muscular, lentidão nos movimentos (bradicinesia) e instabilidade postural. Além disso, há sintomas não motores, como distúrbios do sono, ansiedade, depressão e dor crónica.

Estudos recentes mostram que inflamação neuroglial e stress oxidativo desempenham papéis fundamentais no desenvolvimento e progressão da doença (Dias et al., 2013). Atualmente, o tratamento convencional foca-se no controlo dos sintomas, mas não interrompe a degeneração neuronal — e é precisamente neste contexto que o CBD tem vindo a ser estudado como uma abordagem complementar promissora.

O CBD e a Doença de Parkinson

O canabidiol (CBD) é um dos principais compostos da Cannabis sativa e não possui efeitos psicoativos.
Atua sobre o Sistema Endocanabinoide, que está envolvido na regulação do humor, da inflamação e da proteção neuronal (Fernandez-Ruiz et al., 2013).

Vários estudos indicam que o CBD e a Doença de Parkinson estão relacionados pelo potencial do composto em:

  • Reduzir a inflamação cerebral e o stress oxidativo;
  • Atuar como neuroprotetor, retardando a degeneração dos neurónios dopaminérgicos;
  • Melhorar sintomas não motores, como ansiedade, dor e distúrbios do sono;
  • Melhorar a qualidade de vida global de pessoas com Parkinson (Chagas et al., 2014).

A Fundação Parkinson (2020) reuniu mais de 40 especialistas e organizações para analisar as evidências disponíveis sobre a Cannabis e o CBD. O consenso foi que o CBD na Doença de Parkinson pode ser benéfico, especialmente em sintomas não motores, sem provocar comorbidades psiquiátricas.

O CBD como agente neuroprotetor

Estudos pré-clínicos sugerem que o CBD atua sobre recetores como o PPARγ e 5-HT1A, que desempenham um papel essencial na proteção dos neurónios e na regulação da inflamação (Esposito et al., 2011).

Além disso, o CBD ajuda a reduzir a produção de citocinas inflamatórias e a controlar o stress oxidativo, ambos fatores associados à progressão do Parkinson (Lastres-Becker et al., 2005).

Em modelos animais, observou-se que o CBD pode melhorar a coordenação motora e reduzir tremores.
Em humanos, um ensaio clínico duplo-cego (Chagas et al., 2014) demonstrou que pacientes tratados com CBD relataram melhor qualidade de vida e redução de distúrbios do sono — reforçando a relação positiva entre CBD e Doença de Parkinson.

O Futuro Promissor do CBD no Parkinson

Embora as evidências ainda sejam preliminares, o potencial terapêutico do CBD para o Parkinson é cada vez mais reconhecido.
Os resultados disponíveis mostram efeitos ansiolíticos, anti-inflamatórios e neuroprotetores sem efeitos psicoativos.

Os próximos passos incluem ensaios clínicos de larga escala, que permitirão determinar doses ideais, tempo de tratamento e impacto em sintomas motores mais severos.

Com base nas descobertas atuais, o CBD e a Doença de Parkinson poderão integrar no futuro terapias complementares que melhorem o bem-estar e a autonomia dos pacientes.

Curiosidade

A tulipa é o símbolo da esperança para quem vive com Parkinson.
Em 1980, o horticultor holandês J.W.S. Van der Wereld criou uma tulipa vermelha e branca em homenagem ao Dr. James Parkinson, que descreveu a doença pela primeira vez em 1817.

Referências científicas
  1. Chagas, M. H. N., et al. (2014). Effects of cannabidiol in the treatment of patients with Parkinson’s disease. Journal of Psychopharmacology.
  2. Fernandez-Ruiz, J., et al. (2013). Cannabinoids and neuroprotection in Parkinson’s disease. Trends in Pharmacological Sciences.
  3. Kalia, L. V., & Lang, A. E. (2015). Parkinson’s disease. Lancet.
  4. Esposito, G., et al. (2011). PPAR-γ activation by cannabidiol prevents neuroinflammation. Journal of Neurochemistry.
  5. Lastres-Becker, I., et al. (2005). Neuroprotective effects of cannabinoids in Parkinson’s disease. Neurobiology of Disease.
  6. Parkinson Foundation (2020). Medical Cannabis and Parkinson’s Disease Consensus Statement.

 

Aviso importante

As informações apresentadas neste artigo têm caráter exclusivamente informativo e educacional. O uso de produtos com CBD é da responsabilidade exclusiva do consumidor. A Native Amsterdam não promove nem recomenda a utilização de produtos com CBD para fins medicinais ou de ingestão.

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