CBD e Alzheimer: o que sabemos até agora

Introdução

O interesse em CBD e Alzheimer tem aumentado muito nos últimos anos. Com o envelhecimento da população, as doenças neurodegenerativas tornaram-se um dos maiores desafios da saúde pública. Entre elas, a Alzheimer é a mais comum e devastadora.

Neste artigo, explicamos de forma clara o que é a doença de Alzheimer, o que a ciência tem descoberto sobre o CBD e quais os limites da investigação atual, sempre com base em estudos credíveis e linguagem acessível.

O que é a doença de Alzheimer

A Doença de Alzheimer é a principal causa de demência no mundo. É uma condição progressiva que provoca deterioração da memória, da linguagem e de outras funções cognitivas essenciais.

O processo começa geralmente de forma lenta, mas vai-se agravando com o tempo. Fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida contribuem para o seu desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 35 milhões de pessoas vivem com Alzheimer — número que poderá triplicar até 2050.

Porque é que o CBD desperta interesse na Alzheimer

O CBD (canabidiol) é um composto natural da planta Cannabis sativa L., sem efeitos psicoativos. O seu potencial está a ser estudado em várias áreas relacionadas com o cérebro, sobretudo pela possível ação sobre mecanismos de inflamação, stress oxidativo e neuroproteção [Iuvone et al., 2004].

Estes processos estão intimamente ligados à progressão da Alzheimer, e é por isso que a comunidade científica tem vindo a investigar se o CBD pode influenciar positivamente alguns deles [Trojan et al., 2023].

O sistema endocanabinoide e o cérebro

O Sistema Endocanabinoide (SEC) é uma rede de recetores e moléculas presentes em todo o corpo, incluindo no cérebro. Este sistema ajuda a regular funções como o humor, o sono, a dor, o apetite e a memória.

Os recetores CB1 (mais concentrados no cérebro) e CB2 (mais presentes no sistema imunitário) são ativados por endocanabinoides produzidos pelo próprio corpo. O CBD atua de forma indireta sobre esses recetores, ajudando a manter o equilíbrio entre os diferentes processos celulares [Esposito et al., 2009].

Esta ligação natural ao sistema endocanabinoide é o que faz com que o CBD tenha despertado tanto interesse no contexto da Alzheimer e de outras doenças neurodegenerativas.

O que mostram os estudos sobre CBD e Alzheimer

Estudos laboratoriais e em animais

Os primeiros estudos sobre CBD e Alzheimer começaram por observar efeitos em culturas de células e em modelos animais.
Resultados de Iuvone et al. (2004) mostraram que o CBD reduziu a toxicidade causada pela proteína beta-amilóide, uma substância que se acumula no cérebro de pessoas com Alzheimer e está associada à morte neuronal.

Outros estudos encontraram resultados semelhantes:

  • Redução do stress oxidativo e da neuroinflamação, que danificam as células cerebrais [Eubanks et al., 2006];

  • Menor formação de placas beta-amilóides e emaranhados neurofibrilares, características típicas da doença [Cheng et al., 2014];

  • Regulação da microglia, as células imunitárias do cérebro que, quando ativadas em excesso, agravam a inflamação [Aso et al., 2016].

Estes efeitos sugerem que o CBD pode ajudar a proteger os neurónios e a melhorar a comunicação entre as células cerebrais — embora tudo isto ainda se baseie em resultados experimentais e não em ensaios clínicos robustos.

Estudos clínicos em humanos

Até ao momento, a investigação em humanos ainda é escassa. Pequenos estudos piloto mostraram resultados encorajadores, especialmente no alívio de sintomas comportamentais como agitação, insónia e irritabilidade [Shelef et al., 2016].

No entanto, revisões recentes reforçam que ainda não existem provas suficientes para afirmar que o CBD possa tratar, prevenir ou reverter a Alzheimer [Alzheimer’s Society, 2023].

Ensaios clínicos de maior dimensão estão atualmente em curso, incluindo o LiBBY Study, que avalia a combinação de THC e CBD para agitação em doentes com demência.

CBD e Alzheimer: o que isto significa na prática

Apesar de as descobertas iniciais serem promissoras, o uso de CBD e Alzheimer deve ser visto com prudência. O CBD não é um tratamento médico aprovado para Alzheimer, nem deve substituir qualquer terapia prescrita.

Poderá, no futuro, tornar-se um complemento dentro de abordagens integradas para bem-estar cerebral — mas isso depende de mais estudos em humanos e da regulamentação das autoridades de saúde.

Pontos importantes antes de usar CBD

  • Qualidade e segurança: Escolhe sempre produtos com certificados de análise que garantam a concentração e pureza do CBD.

  • Legalidade: Em Portugal, o CBD é permitido apenas para uso cosmético e de bem-estar — não é reconhecido como medicamento.

  • Consulta médica: Quem toma medicamentos ou tem doenças crónicas deve falar com o seu médico antes de utilizar produtos com CBD.

  • Evita alegações terapêuticas: Nenhum produto deve ser publicitado como “tratamento” ou “cura” para Alzheimer.

O futuro da investigação

A ciência sobre CBD e Alzheimer está a evoluir rapidamente. Estudos mais recentes exploram como o CBD pode influenciar os recetores CB2 e as proteínas envolvidas na inflamação cerebral [Del Cerro et al., 2018].

Há também investigações a analisar se o CBD pode melhorar a função mitocondrial, essencial para a energia das células cerebrais, e apoiar os mecanismos naturais de reparação do cérebro [Trojan et al., 2023].

Embora ainda faltem provas clínicas, a linha de investigação é promissora, e o tema continua a atrair universidades e centros de investigação em todo o mundo.

Conclusão

O interesse em CBD e Alzheimer mostra como a ciência está a procurar novas formas de proteger o cérebro e melhorar a qualidade de vida. Os resultados experimentais são encorajadores, mas ainda estamos longe de poder afirmar que o CBD tenha eficácia comprovada nesta doença.

Por enquanto, o CBD deve ser visto como uma ferramenta de bem-estar — algo que pode contribuir para o equilíbrio geral, mas não um tratamento médico. O essencial continua a ser a prevenção, o acompanhamento profissional e o estilo de vida saudável.

Referências cientificas:
  1. Iuvone, T. et al. (2004). Neuroprotective effect of Cannabidiol on β-amyloid-induced toxicity in PC12 cells. Journal of Neurochemistry.
  2. Esposito, G. et al. (2009). Cannabidiol: A Promising Drug for Neurodegenerative Disorders? CNS Neuroscience & Therapeutics.
  3. Eubanks, L. M. et al. (2006). A Molecular Link Between the Active Component of Marijuana and Alzheimer’s Disease Pathology. Molecular Pharmaceutics.
  4. Cheng, D. et al. (2014). Long-term cannabidiol treatment prevents the development of social recognition memory deficits in Alzheimer’s disease transgenic mice. J Alzheimers Dis.
  5. Aso, E., Andrés-Benito, P., Ferrer, I. (2016). Efficacy of a Cannabis-Based Medicine in Advanced Stages of Dementia in a Murine Model. J Alzheimers Dis.
  6. Del Cerro, P. et al. (2018). Activation of the Cannabinoid Type 2 Receptor by a Novel Indazole Derivative Normalizes the Survival Pattern of Lymphoblasts from Patients with Late-Onset Alzheimer’s Disease. CNS Drugs.
  7. Trojan, V. et al. (2023). The Main Therapeutic Applications of Cannabidiol (CBD) and Its Potential Effects on Aging with Respect to Alzheimer’s Disease. Pharmacological Research.
  8. Shelef, A. et al. (2016). Safety and Efficacy of Medical Cannabis Oil for Behavioral and Psychological Symptoms of Dementia: An Open-Label, Add-On, Pilot Study. J Alzheimers Dis.
  9. Alzheimer’s Society (2023). Cannabis, CBD oil and dementia.

 

 

Aviso importante

As informações apresentadas neste artigo têm caráter exclusivamente informativo e educacional. O uso de produtos com CBD é da responsabilidade exclusiva do consumidor. A Native Amsterdam não promove nem recomenda a utilização de produtos com CBD para fins medicinais ou de ingestão.

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