Como funciona o CBD – O Sistema Endocannabinoide

Em primeiro lugar, de forma a entender como funciona o CBD, é fundamental entender dois conceitos-chave: CBD e o Sistema Endocannabinoide.

O CBD é no entanto, apenas um dos mais de 100 compostos canabinoides presentes na planta da Cannabis e que interagem diretamente com o organismo humano. De forma a entender de que forma esta interação acontece, foram desenvolvidas várias investigações, e em resultado, foi descoberto no corpo humano, assim como em todos os mamíferos, um sistema capaz de identificar e processar compostos canabinoides – o Sistema Endocannabinoide.

No entanto, o Sistema Endocannabinoide é uma descoberta relativamente recente que remonta à década de 1990 pelo Dr. Raphael Mechoulam, o mesmo investigador que identificou 30 anos antes o THC como principal composto psicoativo da planta da canábis. Do mesmo modo, vários estudos recentes, têm vindo a demonstrar este sistema desempenha um papel fundamental no organismo, sendo responsável por regular e coordenar todas as suas funções ao nível celular.

A descoberta do Sistema Endocannabinoide

A primeira descoberta, assentou no facto deste sistema ser composto por 2 recetores que estão espalhados ao longo de todo o corpo, e que como vimos, são dessa forma responsáveis por estabelecer a comunicação entre os canabinoides e o nosso organismo:

• Recetor Canabinoide-1 (CB1) que se encontram principalmente no cérebro e em partes do nosso sistema nervoso central.
• Recetor Canabinoide-2 (CB2) que em contrapartida se encontram essencialmente nos sistemas imunitário e digestivo

A maioria dos recetores CB1 estão localizados no cérebro, enquanto que os recetores CB2 que são mais numerosos, se encontram no corpo periférico. Os canabinoides, são portanto,  responsáveis por ativar ambos os recetores.

Os recetores CB1

Os recetores CB1, quando ativados no cérebro, promovem uma sensação de alívio da dor, alívio da ansiedade, estabilização do humor, bem-estar e prazer. Quando os recetores CB2 localizados no cérebro são ativados, estes provocam reações anti-inflamatórias locais, tendo um efeito bastante mais amplo que o alívio da dor.

Atualmente, sabe-se que o processo de inflamação cronica cerebral, está ainda associado a casos de Alzheimer, stress pós-traumático, esclerose múltipla, doença de Parkinson, autismo, depressão, doenças autoimunes e cancro.

Além disso, a ativação dos recetores CB1, provoca a libertação de outros neurotransmissores, incluindo a norepinefrina, a serotonina, a dopamina, a orexina, a histamina, o GABA e as endorfinas.

Os recetores CB2

Os recetores CB2, apesar de existirem em quantidades reduzidas no cérebro, estão presentes em grande quantidade no corpo periférico, em todo o tipo de tecidos, mas especialmente no sistema imunitário e digestivo.

Ou seja, neste recetor, os canabinoides funcionam como ativadores do sistema imunitário no corpo periférico. A sua ação foca-se no combate à inflamação, alertando também o sistema imunitário para a presença de células cancerígenas, levando-o assim a atacá-las. Por vezes as células cancerígenas sobrevivem ao sistema imunitário e escapam à sua destruição porque conseguem dissimular a sua presença. A ativação do recetor CB2, consegue então anular essa camuflagem.

Os recetores CB2 localizados nas células responsáveis pela formação dos ossos, quando estimulados ativam essa formação óssea, criando assim a capacidade de reversão da osteoporose.

Fitocanabinoides e Endocannabinoids

Na sequência destes estudos que envolvem o Sistema Endocannabinoide, foram encontradas no nosso organismo, duas moléculas canabinoides que são produzidos e forma natural pelo corpo humano, sendo elas:

• Anandamina (AEA);
• 2-Araquidonilglicerol (2AG).

Com estas descobertas, passávamos a ter 2 tipos de canabinoides que reagem de forma semelhante na comunicação com os recetores do Sistema Endocannabinoide:

Fitocannabinoides – de origem vegetal, produzidos pela planta da cannabis entre outras plantas (CBD, THC, CBN, CBG).

Endocannabinoids – Produzidos pelo corpo de forma natural (AEA e 2AG).

Em suma, podemos concluir que o Sistema Endocannabinoide, embora recentemente descoberto, é um sistema extremamente importante para a nossa saúde e bem-estar.

A sua principal função passa por monitorizar todos os sistemas secundários do corpo, como o sistema nervos, motor, digestivo, ósseo, neurológico, imunitário entre outros, e assim assegurar o seu equilíbrio, enviando os recursos de que precisam, quando precisam e promovendo a sua homeostase.

Em outras palavras, e por todos estes motivos, os extratos da planta são cada vez mais procurados para fins medicinais, para tratar as mais diversas condições.

Por fim, pudemos concluir que consumir CBD, é uma das maneiras mais efetivas disponíveis para assegurar o ótimo funcionamento do Sistema Endocannabinoide

O que dizem os especialistas

“regular a atividade do Sistema Endocannabinoide pode ter um potencial terapêutico em praticamente todas as doenças que afetam os seres humanos, incluindo síndrome de obesidade/metabólico, diabetes e complicações diabéticas, doenças neurodegenerativas, inflamatórias, cardiovasculares, hepáticas, gastrointestinais, da pele, dores, desordens psiquiátricas, caquexia, cancro, náuseas e vómitos provocados por quimioterapia, entre muitas outras”

P.Pacher e G.Kunos, “Modulating the endocannabinoid System in Human Health and Diseases: Success and Failures” Federation of European Biochemical Society Journal 280, n9 (Maio de 2013): 1918.

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Fontes:

> https://drdiegodecastro.com/sistema-endocanabinoide-o-que-e-e-como-funciona/
> https://tegrapharma.com/sistema-endocanabinoide/
> https://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/arquivos/4365
> https://www.researchgate.net/publication/245876014_O_sistema…

> LEINOW, L. e BIRNBAUM, J. Guia do Utilizador para a cannabis medicinal: A cura sem efeitos psicoativos. 1ª Edição. Califórnia. Editora Self, março 2020.

> P.Pacher e G.Kunos, “Modulating the endocannabinoid System in Human Health and Diseases: Success and Failures” Federation of European Biochemical Society Journal 280, n9 (Maio de 2013): 1918.

> F. Rossi, G. Bellini, C. Tortora, M. E. Bernardo, L. Luongo, A. Conforti, N. Starc, I. Manzo, B. Nobili, F. Locatelli, and S. Maione, “CB2 and TRPV-1 Receptors Oppositely Modulate In Vitro Human Osteoblast Activity, ” Pharmacology Research 99 (2015): 194–201.

> T. Lowin and R. H. Straub, “Cannabinoid Based Drugs Targeting CB1 and TRPV-1, the Sympathetic Nervous System and Arthritis, ” Arthritis Research and Therapy 17 (2015): 226.

> Vincenzo DiMarzo, “Endocannabinoid Signaling in the Brain: Biosynthesis Mechanisms in the Limelight, ” Nature Neuroscience 14, no. 1 (January 2011): 9–15.