O CBD e a fibromialgia

O que é a Fibromialgia

Em primeiro lugar, antes de analisarmos a relação entre o CBD e a Fibromialgia, vamos primeiro definir o que é o Síndrome de Fibromialgia (SFM). Esta condição é um distúrbio doloroso caracterizado por dor crónica generalizada, fadiga e distúrbios do sono, na ausência de qualquer doença orgânica subjacente bem definida.

A fisiopatologia exata e o mecanismo que liga os diferentes fatores relacionados à doença ainda são desconhecidos. Devido à patogénese precisa desconhecida, à coexistência de outras doenças e às características clínicas sobrepostas, o diagnóstico da Síndrome de Fibromialgia pode ser difícil. Atualmente acredita-se que a Fibromialgia condicione a vida de 5-7% da população mundial, o que se traduz num um elevado número de pessoas vivendo em constante sofrimento devido a esta condição médica.

A Fibromialgia é mais comum em mulheres, com uma proporção entre mulheres e homens de 2:1, e pode aparecer em qualquer idade. Esta doença ocorre também em coexistência com outras patologias reumáticas. Deste modo, estima-se que cerca de 20-30% dos pacientes com doenças reumáticas padeçam de Fibromialgia.

Esta condição médica é caracterizada por dor crônica generalizada, fadiga e distúrbios do sono. A fisiopatologia exata ainda é desconhecida, mas a patologia mais aceite é a alteração das vias centrais da dor, que resulta em hiperalgesia.

O CBD e a Fibromialgia

O CBD no tratamento da Fibromialgia

A medicina usa atualmente várias formas de tratamento, mas ainda enfrentamos desafios em encontrar algo que seja 100% eficaz. Recentemente, a Cannabis medicinal (que inclue THC), provou ser um excelente substituto a medicamentos que podem tirar a dor, mas trazem consigo efeitos secundários como a dependência e o perigo da sobredosagem em condições de dor crónica, como Osteoartrite, dor neuropática e outras dores crónicas não oncológicas. Assim sendo, a Fibromialgia não é exceção. O CBD é, portanto, uma solução igualmente eficaz e sem efeitos secundários e referência ou perigo de dependência.

Os tratamentos que utilizam CBD, têm sido utilizados em ambientes clínicos para estudar a sua eficácia na redução da dor. Sabemos assim que o CBD pode ser útil no tratamento de doenças reumáticas por muitas razões, pela sua atividade anti-inflamatória e imunomoduladora e pelo seu efeito nos sintomas associados à dor. O efeito analgésico do CBD é mediado principalmente pelos recetores canabinoides através da inibição do ácido gama-aminobutírico pré-sináptico (GABA) e da transmissão glutamatérgica.

Existem dois recetores canabinoides no corpo humano, o CB1 e CB2. Os recetores CB1 são predominantemente ativos no Sistema Nervoso Central e os recetores CB2 são encontrados principalmente fora do Sistema Nervoso Central. Além disso, acredita-se que a ativação destes recetores tenha efeitos anti nociceptivos no controle da sensação de dor. Estudos também demonstraram que esses recetores desempenham um importante papel anti-inflamatório em condições de dor crônica.

Finalmente, apesar da vaga conceção científica de como funciona este processo biológico, isto relativamente ao mecanismo de ação e ao seu papel exato no tratamento da dor e dos sintomas não dolorosos da fibromialgia, o CBD tornou-se nos últimos anos um foco muito importante para investigação nesta área, representando assim uma lufada de esperança para muitos pacientes.

O uso do CBD para a Fibromialgia

Atualmente, o CBD é amplamente divulgado como útil e seguro no tratamento da dor crônica. Usando uma pesquisa transversal e anónima, um estudo examinou padrões de uso naturalista de CBD entre indivíduos com fibromialgia e outras condições de dor crônica. O objetivo deste estudo for compreender melhor as taxas de uso do CBD, os motivos do uso e/ou descontinuação do mesmo, a comunicação com os profissionais de saúde sobre o CBD e as perceções de eficácia e segurança do CBD entre pessoas com Fibromialgia. Depois de excluir pesquisas incompletas, a população deste estudo consistiu em 2.701 participantes com fibromialgia.

Estes foram os números obtidos, como podem confirmar no link deste estudo incluído na Bibliografia deste artigo:

  • 38,1% relataram nunca ter usado CBD
  • 29,4% relataram uso anterior de CBD
  • 32,4% relataram uso atual de CBD.

O consumo de CBD dos participantes no último ano esteve fortemente associado ao consumo passado ou atual de CBD. Dois terços dos participantes revelaram o uso do CBD ao seu médico, embora apenas 33% tenham solicitado aconselhamento médico sobre o uso do CBD. Os participantes usaram CBD para vários sintomas relacionados à Fibromialgia, sendo o mais comum a dor e geralmente relataram uma melhora que varia de individuo para individuo, sendo moderada a grande em todos os domínios dos sintomas. Concluindo, o uso de CBD é comum entre indivíduos com Fibromialgia e a esmagadora maioria de indivíduos que usam CBD relatam melhorias em vários sintomas relacionados à Fibromialgia.

Bibliografia

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8451533/

https://www.jpain.org/article/S1526-5900(20)30117-6/fulltext

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34567876/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26767993/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37199833/

https://medicine.umich.edu/dept/anesthesiology/news/archive/202106/people-fibromyalgia-substituting-cbd-opioids-manage-pain

http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0120-33472021000400007

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33004171/

 

 

 

 

 

 

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